quarta-feira, 23 de março de 2011

Lendo Charles Bukowski.....



Um poema de amor

todas as mulheres
todos os beijos delas as
formas variadas como amam e
falam e carecem.

suas orelhas elas todas têm
orelhas e
gargantas e vestidos
e sapatos e
automóveis e ex-
maridos.

principalmente
as mulheres são muito
quentes elas me lembram a
torrada amanteigada com a manteiga
derretida
nela.

há uma aparência
no olho: elas foram
tomadas, foram
enganadas. não sei mesmo o que
fazer por
elas.

sou
um bom cozinheiro, um bom
ouvinte
mas nunca aprendi a
dançar — eu estava ocupado
com coisas maiores.

mas gostei das camas variadas
lá delas
fumar um cigarro
olhando pro teto. não fui nocivo nem
desonesto. só um
aprendiz.

sei que todas têm pés e cruzam
descalças pelo assoalho
enquanto observo suas tímidas bundas na
penumbra. sei que gostam de mim algumas até
me amam
mas eu amo só umas
poucas.

algumas me dão laranjas e pílulas de vitaminas;
outras falam mansamente da
infância e pais e
paisagens; algumas são quase
malucas mas nenhuma delas é
desprovida de sentido; algumas amam
bem, outras nem
tanto; as melhores no sexo nem sempre
são as melhores em
outras coisas; todas têm limites como eu tenho
limites e nos aprendemos
rapidamente.


todas as mulheres todas as
mulheres todos os
quartos de dormir
os tapetes as
fotos as
cortinas, tudo mais ou menos
como uma igreja só
raramente se ouve
uma risada.

essas orelhas esses
braços esses
cotovelos esses olhos
olhando, o afeto e a
carência me
sustentaram, me
sustentaram.

segunda-feira, 14 de março de 2011

CoiSas-cErveJas-e-tals - SeguNda ParTe

Com certeza... se tem uma coisa que gosto muito é de BOTECO!!! Já passei por alguns especiais... (Piauí... Fly... Bar do Noé... Bar da Maria (ItajuBar)... aquele de Conservatória... e outro muito bacana na Lapa/RJ...), mas o "Bar do Pardal" tem um Q que os bares atuais perderam.... principalmente os que tentam apalpar os bolsos playboys.... SIMPLICIDADE.... AUTENTICIDADE.... HISTÓRIA.... Além de serem bem mais caros!!!! Afinal, o que acontece que o Pardal consegue vender uma cerveja a R$3,50 e os demais de R$6,00 para cima????
Olho muito todos os resquícios de história daquele bar.... presentes nas histórias do Pardal, nas garrafas empoeiradas de cachaça com mais de 30 anos!!!! Sim.... a poeira tem uma explicação bem plausível e até científica, digamos!!!!

Sem falar dos quitutes... hummm... e a jogatina dos clientes de mais de trinta anos de Bar... As conversas.... tantas coisas que fazem desse lugar muito especial.... sem contar com os clássicos azulejos preto e branco....




Hevê.... com o fundo dos Azulejos....

sábado, 12 de março de 2011

..."tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas!"

Não há dúvidas que este livro, "O Pequeno Príncipe" é lindo!!! Ele provoca em quem lê reflexões a respeito das questões que envolvem as pessoas, seus laços e sentimentos.... Eu selecionei esse trechinho do livro.... Saboreiem.... e se quiserem mais, leiam o livro na íntegra!!! rs




"O pequeno príncipe atravessou o deserto e encontrou apenas uma flor. Uma flor de três pétalas, uma florzinha insignificante....

- Bom dia - disse o príncipe.

- Bom dia - disse a flor.

- Onde estão os homens? - Perguntou ele educadamente.

A flor, um dia, vira passar uma caravana:

- Os homens? Eu creio que existem seis ou sete. Vi-os faz muito tempo. Mas não se pode nunca saber onde se encontram. O vento os leva. Eles não têm raízes. Eles não gostam das raízes.

-Adeus - disse o principezinho.

-Adeus - disse a flor.

O pequeno príncipe escalou uma grande montanha. As únicas montanhas que conhecera eram os três vulcões que batiam no joelho. O vulcão extinto servia-lhe de tamborete. "De uma montanha tão alta como esta", pensava ele, "verei todo o planeta e todos os homens..." Mas só viu pedras pontudas, como agulhas.

- Bom dia! - disse ele ao léu.

- Bom dia... bom dia... bom dia... - respondeu o eco.

- Quem és tu? - perguntou o principezinho.

- Quem és tu... quem és tu... quem és tu... - respondeu o eco.

- Sejam meus amigos, eu estou só... - disse ele.

- Estou só... estou só... estou só... - respondeu o eco.

"Que planeta engraçado!", pensou então. "É completamente seco, pontudo e salgado. E os homens não têm imaginação. Repetem o que a gente diz... No meu planeta eu tinha uma flor; e era sempre ela que falava primeiro."

Mas aconteceu que o pequeno príncipe, tendo andado muito tempo pelas areias, pelas rochas e pela neve, descobriu, enfim, uma estrada. E as estradas vão todas em direção aos homens.

- Bom dia! - disse ele.

Era um jardim cheio de rosas.

- Bom dia! - disseram as rosas.

Ele as contemplou. Eram todas iguais à sua flor.

- Quem sois? - perguntou ele espantado.

- Somos as rosas - responderam elas.

- Ah! - exclamou o principezinho...

E ele se sentiu profundamente infeliz. Sua flor lhe havia dito que ele era a única de sua espécie em todo o Universo. E eis que havia cinco mil, iguaizinhas, num só jardim!

"Ela teria se envergonhado", pensou ele, "se visse isto... Começaria a tossir, simularia morrer, para escapar ao ridículo. E eu seria obrigado a fingir que cuidava dela; porque senão, só para me humilhar, ela seria bem capaz de morrer de verdade..."

Depois, refletiu ainda: "Eu me julgava rico por ter uma flor única, e possuo apenas uma rosa comum. Uma rosa e três vulcões que não passam do meu joelho, estando um, talvez, extinto para sempre. Isso não faz de mim um príncipe muito poderoso..."

E, deitado na relva, ele chorou.

E foi então que apareceu a raposa:

- Bom dia - disse a raposa.

- Bom dia - respondeu educadamente o pequeno príncipe, olhando a sua volta, nada viu.

- Eu estou aqui - disse a voz, debaixo da macieira...

- Quem és tu? - Perguntou o principezinho. - Tu és bem bonita...

- Sou uma raposa - disse a raposa.

- Vem brincar comigo - propôs ele. - Estou tão triste...

-Eu não posso brincar contigo - disse a raposa. - Não me cativaram ainda.

- Ah! Desculpa - disse o principezinho.

Mas, após refletir, acrescentou:

- Que quer dizer "cativar"?

- Tu não és daqui - disse a raposa. - Que procuras?

- Procuro os homens - disse o pequeno príncipe. - Que quer dizer "cativar"?

- Os homens - disse a raposa - têm fuzis e caçam. É assustador! Criam galinhas também. É a única coisa que fazem de interessante. Tu procuras galinhas?

- Não - disse o príncipe. - Eu procuro amigos. Que quer dizer "cativar"?

- É algo quase sempre esquecido - disse a raposa. Significa "criar laços"...

- Criar laços?

- Exatamente - disse a raposa. - Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu também não tens necessidade de ti. E tu também não tens necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo...

- Começo a compreender - disse o pequeno príncipe. - Existe uma flor... eu creio que ela me cativou...

- É possível - disse a raposa. - Vê-se tanta coisa na Terra...

- Oh! Não foi na Terra - disse o principezinho.

- A raposa pareceu intrigada:

- Num outro planeta?

- Sim.

- Há caçadores nesse planeta?

- Não.

- Que bom! E galinhas?

- Também não.

- Nada é perfeito - suspirou a raposa."

Trecho de O Pequeno Príncipe, de Antoine Saint-Exupéry

 

 

quinta-feira, 3 de março de 2011

Os CoOmILõEs....



A monitora de música da escola, a Mariana, trouxe essa engraçada marchinha, Almirante prato fundo (https://youtu.be/Zou4R02Efjc), para trabalhar com as crianças essa semana... E a repercussão da música para as crianças não poderia ter sido melhor!!! 
A cada dia que passa, nós percebemos o quanto as crianças estão amadurecendo o seu olhar e seus "ouvidos" para a música e a arte... Como a gravação da música era muito antiga, eles não conseguiam de início identificar a letra... mas após a Mariana dar uma explicação do porque deles não entenderem, uma das crianças mostrou ter uma idéia do que é uma música antiga muito próxima do real... Quando ela perguntou se a música era antiga por que foi feita em 1931!!!!!! rsrsrs Antes das colocações da Mariana, claro.... muitas especulações engraçadas!!! Dentre as mais variadas, eles cogitaram a hipótese de não compreenderem a letra da música porque ela teria sido gravada em Inglês! rsrs  
Mas enfim... esse carnaval, por ter acontecido em março, nos possibilitou trabalhar muito bem a questão cultural e artística que presenciamos nessa época do ano... Não se restringindo em fazer máscaras e um bailinho de carnaval...
Falamos sobre a história do uso das máscaras antes mesmo do carnaval... sobre as diferentes músicas que embalam os carnavais do Brasil (marchinhas, sambas, frevo...) e os instrumentos e danças específicas de cada uma, exploramos instrumentos musicais (pandeiro, caxixi, chocalho, tambor, violão, clavas...), mostramos algumas obras de artistas conhecidos e não conhecidos sobre o tema, fizemos leituras dessas obras e reeleituras com uso de massinhas de modelar e desenhos... e claro... a confecção de bonecões de Olinda! Cada turma trabalhou essas questões de acordo com a sua realidade e desenvolvimento das crianças... e no final, tudo culminou numa animada festa de carnaval... ou como a diretora da minha escola disse: "Nossa... até parece carnaval de verdade!!!" rsrs - E não era para ser? rsrsrs Olhem como ficaram os bonecões!!!